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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Meu jeito Dr. House de ser...

O marido e eu adoramos assistir séries. Nós curtimos séries de fantasia, terror, suspense e comédia. Somos viciados em Game of Thrones, Walking Dead, Supernatual e vários sitcom's tipo How I Met Your Mother, New Girl, Cougar Town e mais um tanto. Esse é o nosso passa-tempo durante a semana, a gente janta e aí vai assistir alguma séria que eu baixei pela internet. Mas quando o verão chega a gente fica se sentindo super órfãos, todas as séries entram de férias e nunca sabemos o que fazer depois do jantar. Então a gente resolve ou rever desde o início uma série que já acabou ou começar a assistir uma série de algum estilo que um de nós dois normalmente não curte muito. Esse verão a série escolhida foi House. Ele sempre achou uma série interessante, eu nunca vi graça mas também nunca tinha assistido à um episódio inteiro. A verdade é que a dinâmica da série é bem bestinha, um paciente tem algum sintoma que ninguém consegue identificar e é mandando pra o Dr. House. Aí House faz um monte de merda, quebra regras e protocolos e quase mata o paciente (porque ele sempre fica pior durante o episódio), então no terceiro ato ele tem uma epifania e salva a vida do paciente. São pouquíssimos os episódios que não se baseiam nessa fórmula. No final acaba sendo mais uma séria de investigação, daquelas que eu acho um porre. 

Mas o que faz dessa série interessante não é sua fórmula e sim seu personagem principal, o Dr. House. House é um cara cínico, sarcástico, irônico que não gosta de nada e que acha que todo mundo é idiota. Ele fala o que bem entende, do jeito que quer e sem fazer rodeios. Ele trata todo mundo com desrespeito e não espera que ninguém o trate bem. A unica coisa que ainda faz com que ele tenha motivos pra continuar vivendo é sua curiosidade em saber como as coisas funcionam. Ele enxerga tudo como um quebra-cabeças, desde o corpo humano até os relacionamentos humanos e é por isso que ele se tornou médico. 

Enfim, esse post não é um review da série e muito menos um julgamento. Esse post é pra falar no tanto que eu sou parecida com ele. Eu também tenho problemas em enxergar o mundo com lentes cor de rosa, também não vejo família, amor e amizades da mesma maneira que a maioria das pessoas vêem. Eu também tenho uma tendencia enorme a achar que todo mundo é idiota até que se prove o contrário. Eu também sou sarcástica, irônica e muitas vezes até cínica. A unica diferença é que todos esses traços da minha personalidade ficam bem quietinhos dentro da minha cabeça. Ao contrário do Dr. House, eu nunca tive coragem de falar o que me dá na telha, de tratar as pessoas o tempo todo com falta de respeito, de agir do jeito que a minha cabeça quer agir. Talvez se eu fosse um gênio indispensável como ele eu teria coragem de ser mais coerente comigo mesma. Mas como eu sou só mais uma pessoa comum no mundo e sem nenhum dom especial, eu tenho que me adequar às convenções sociais e fingir que eu sou normal. O meu lema na vida é sempre "Just Smile and Wave". 

Deixa eu dar um exemplo claro, essa semana um colega de sala (que infelizmente faz parte do meu grupo em um projeto) foi em frente da turma pra contar que dez anos atrás a mãe dele ficou muito doente e quase morreu - preste bastante atenção no QUASE, do verbo ainda está viva. Aí ele contou que por causa disso ele tem andando super depressivo ultimamente e que não está dando conta do estresse da faculdade. No final do "discurso" dele, ele se debulhou em lágrimas e todo mundo aplaudiu e mandou mensagens de apoio moral pra ele. A professora falou que iria mandar email pros outros professores pra que eles pudessem "pegar leve" com o garoto. E qual foi a minha reação? Eu fingi que senti tanta dó dele quanto os outros colegas, mas por dentro eu queria dar umas boas bofetadas na cara dele, isso sim. Ah, vira gente! Sua mãe quase morreu dez anos atrás, mas ela NÃO morreu! Tenho certeza que na época deve ter sido horrível, ainda mais porque ele era uma criança, mas vamos combinar né? Como assim agora, dez anos depois e com a mãe vivinha da silva, ele resolveu entrar em depressão? E não é super conveniente pra ele que essa depressão apareceu justamente quando ele começou a estudar. E o pior é que os professores vão pegar leve com ele por causa disso. Eu que ainda não domino a língua cem por cento, tenho que me esforçar em dobro pra dar conta e ele que passou por problemas DEZ anos atrás pode se esforçar menos. É justo?

Esse tipo de coisa me faz questionar se eu sou fria demais pros problemas dos outros ou se o problema é que é idiota demais pra eu ter qualquer tipo de compaixão. Afinal, eu tenho certeza que não estaria tão puta da vida se a mãe dele estive doente agora ou se esse ano fosse o aniversário de dez anos da morte dela. Tenho certeza que eu não iria considerar esse colega um idiota. Mas agora, por causa desse "problema" dele não só eu acho o cara um tremendo idiota e babaca mas também acho que meus outros colegas e professores também são idiotas por levarem à sério esse "problema". Mas enfim, se eu fosse um gênio como o Dr. House eu teria coragem de estar falando isso tudo pro colega idiota ao invés de estar desabafando por aqui....

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Do outro lado da vida...

Gente, eu sobrevivi à primeira semana de aula!!! Na verdade já começou a segunda semana e ainda estou viva! hehehehe.

Vou contar uma coisa, estudar é o cú do mundo, viu!? Acho que todos os três leitores desse blog já devem saber que eu tenho uma grande tendência geek. Mas eu nunca fui e nem nunca serei nerd. Estudar pra mim é uma tortura enorme! Eu adoro assistir aulas sobre matérias que me interessam, principalmente quando o professor sabe o que está fazendo. Mas eu odeio ter que estudar em casa, odeio ter que fazer trabalhos e projetos, odeio ter que fritar os neurônios. 

Já na primeira semana o viado do professor nos deu duas essay's e mais dois trabalhos em grupo pra fazer em quatro dias. Metade da sala quase morreu! E eu juro que não teria conseguido se não fosse pelo maridoncio que além de ter me ajudado com a estrutura dos textos e com essa língua do capeta, ainda fez praticamente todo o trabalho de casa e ainda fez o jantar dois dias seguidos. 

Até agora eu tive duas matérias super legais, Design e Introdução à Comunicação. O resto das matérias são  tão chaaaaatas. Tem também algumas matérias livres, aquelas que você escolhe independente do seu curso. Eu escolhi Study Planning and Time Management porque depois de dez anos que formei no ensino médio, achei que seria uma boa ideia "reaprender" a estudar. Escolhi também Espanhol porque é algo muito gostoso fazer uma matéria que eu realmente entendo, em uma língua que eu gosto de ouvir e lógico pra ver se meu espanhol desenrola de vez e deixe de ser somente entender o que as pessoas falam e conseguir ler um texto. Eu quero realmente me tornar fluente na língua até o final do ano.

Como eu disse no post anterior, meus colegas são legais (apesar de serem tão novinhos) e é lógico que eu me juntei com os nerds pra fazer o grupo do nosso projeto. Nerds ruleiam o mundo e são normalmente os que realmente trabalham e levam as coisas à serio. Sem contar que é tão legal poder falar de jogos, música e filmes. Acho que ano que vem o grupo todo vai aos festivais junto hahaha.

A coisa mais legal é que o projeto só dura quatro semanas e depois só teremos matérias que me agradam. Acho que se eu sobreviver à essas quatro semanas (que são as mais cheias e puxadas por causa do projeto), eu sobreviverei lindamente ao próximos quatro anos. Quando o projeto acabar eu venho aqui contar mais sobre ele. Agora vou ali voltar à estudar porque ainda tem muito trabalho pra ser feito. 

sábado, 1 de setembro de 2012

Primeira experiência na faculdade.

Então, semana passada foi a semana de introdução na faculdade. Não houve nenhuma aula, é uma semana só mesmo pra gente conhecer os colegas de classe, coordenadores, salas de aula e tirar dúvidas sobre o ano letivo. O primeiro dia de introdução foi mesmo aquele negocio de se introduzir pra turma, falar um pouco sobre a sua vida e hobbies e conhecer todo mundo. O segundo dia foi sobre conhecer a cidade, fizemos um tour a pé por mais de três horas. Essa atividade seria super legal que eu já não conhecesse a cidade hahaha. Mas o maior problema é que quando a gente tá andando e andando acaba que ninguém conversa tanto e acabamos não conhecendo todo mundo do jeito que gostaríamos. Mas no final teve um jantar pra todo mundo e acabou sendo legal apesar do cansaço. 

O que mais me surpreendeu foi a faixa etária das pessoas na minha sala. A maioria nem chegou aos 20 anos ainda. Lógico que todo mundo já se adicionou no Facebook e eu fui olhar a idade do povo e pelo menos 90% da sala nasceu entre 1993 e 1995. Isso mesmo, tem gente de 17 anos estudando comigo, gente da geração da minha sobrinha que nasceu em 96. A pessoa mais velha depois de mim tem 22 anos e já acha que está muito velha pra estar estudando. Isso é realmente algo que eu vou ter que aprender a lidar. Como levar a sério uma pessoa que nasceu exatos 10 anos antes de mim? Como me identificar com alguém que nasceu no mesmo ano em que eu fui ao cinema assistir Jurassic Park? Como não ficar me sentindo super mal por estar começando a estudar já tão tarde? E o mais importante, como não ficar neurótica sabendo que essas pessoas tão mais novas do que eu serão minha futura competição no mercado de trabalho?

A verdade é que as aulas começam com salas por volta de 25 pessoas e acaba com mais ou menos 10. Como as pessoas entram pra faculdade tão cedo por aqui, acaba que muitos resolvem trocar de curso na metade do caminho. Outros conseguem um emprego legal e resolvem parar de estudar e mais um tanto fica só tomando bomba até que o governo os multe o suficiente pra ou eles tomarem vergonha na cara ou largarem os estudos. 

Deixa eu explicar mais ou menos como funciona o sistema de ensino holandês: Aos 4 anos todo mundo é obrigado a ir pro jardim de infância. E quando eu digo obrigado é isso mesmo que eu quero dizer, os pais que não matriculam na escola e não os mantêm por lá até os 18 anos são multados e até presos. Então, a criança começa o jardim de infância aos 4 e aos 6 eles começam o ensino básico. Aos 12 anos é hora de entrar pro ensino médio e com essa idade que eles já têm que decidir o que querem para o futuro. Eles fazem uma prova que vai determinar praticamente o resto da vida deles. 

Existem três tipos de ensino médio por aqui, o primeiro é o VMBO e é igual ao ensino técnico no Brasil e dura dois ou três anos, não tenho certeza. Com o diploma desse curso técnico você não pode entrar nem pra faculdade e nem pra universidade (e sim, a diferença entre faculdade e universidade é bem grande por aqui, mas já eu explico) mas você pode fazer uma especialização do curso técnico que terá um diploma acima do ensino médio e abaixo da faculdade, o MBO. Essa especialização dura quatro anos e aí sim você estará qualificado para uma faculdade. 
O segundo é o mesmo nível do nosso ensino médio no Brasil, o HAVO. A diferença é que você só dá foco pro grupo de matérias que te interessam, tipo exatas, humanas, línguas, ciências, etc. O curso dura quatro anos e quando você forma tem o direito de entrar pra faculdade e se fizer um ano inteiro de faculdade, aí sim pode se transferir pra uma universidade. 

O terceiro é um curso super específico que eu não sei o que seria no Brasil, esse chama VWO. É basicamente um curso de seis anos que vai te preparar pra faculdade. E assim como o HAVO, no VWO você só dá foco ao grupo de matéria que te interessam. Depois de formado você pode entrar direto pra universidade e depois fazer mestrado sem nenhum curso preparatório. 

Quanto à diferenças entre a faculdade (HBO) e a universidade (WO) é na intensidade em que aprnedemos as coisas. A faculdade é mais guiada pro mercado de trabalho em que executamos tarefas e a universidade é mais guiada pra um mercado de trabalho em que pensamos mais, tipo a área de pesquisas. Ambos dão direito de fazer mestrado, mas se você fizer HBO você terá que fazer um ano de curso preparatório primeiro.

Na Holanda é normal já começar um estudo logo que termina o ensino médio e é por isso que os alunos da minha classe são tão novinhos. O normal aqui é ter um diploma de mestrado entre os 22 e 25 anos. Meu marido tirou dois mestrados antes de completar 25 anos. Ele fez duas universidades ao mesmo tempo, História e Public Management. Quando ele se formou demorou um tempo pra encontrar um emprego em sua(s) área(s), mas desde 2009 ele trabalha pra prefeitura de cidade de Utrecht na área de planejamento de segurança pública. 

Com o meu diploma do HBO eu vou poder trabalhar em várias áreas, incluindo marketing e jornalismo. Mas eu ainda não decidi se vou fazer mestrado ou não, acho que só vou decidir isso depois do meu segundo ou terceiro ano de faculdade. Todos os brasileiro com ensino médio completo podem entrar pro HBO, e se tiver curso superior completo você terá que avaliar seu diploma antes de saber se pode fazer WO. Mas se a sua vontade for mesmo fazer universidade e o diploma não for bom o suficiente, é só fazer um ano de HBO e aí terá o direito de transferir para um WO. 

Bom, por enquanto é isso. Semana que vem começam as aulas de verdade e eu estou super ansiosa e até meio nervosa. Assim que eu tiver um tempinho livre eu venho contar como foi a experiência de começar minha primeira faculdade. E depois eu farei um post sobre como o governo holandês nos incentiva financeiramente a estudar e como nos pune (também financeiramente) se não nos formarmos em tempo. Hasta la vista...