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quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Centésimo post!

Pois é amiguinhos, este é o post de número 100 desse blog. Parece que foi ontem que eu criei esse espaço para manter minha família e amigo informados das coisas que aconteciam comigo no país do queijo Gouda. Eu tive a idéia de criar o blog durante o meu processo de escolha e negociações com famílias para ser empregada doméstica au pair em algum país "das Oropa do Norte". Queria poder trocar uma "zidéia" com outras pessoas passando por esse processo e também ajudar a quem tivesse interesse. Depois que cheguei aqui o blog virou um canal de notícias, "causos", opiniões e desabafo. No início era só mesmo minha família e alguns amigos próximos que vinham ler essa "bagaça" aqui, depois de pouco tempo começaram a aparecer algumas (ex)au pairs e de repente eu comecei a perceber que tinha gente de vários países lendo o monte de bobagem que eu escrevo. A maioria desses países super inusitados tipo o Quatar, Geórgia, Islândia, Nepal, Paquistão, etc. Eu não consigo imaginar imigrantes brasileiros morando nesses países, mas deve existir sim, senão não estariam lendo esse blog, né? Talvez sejam portugueses, mas aí eu não consigo imaginar portugueses tendo interesse em ler um blog de uma brasileira morando na Holanda, não é mesmo? Enfim, em praticamente 4 anos de existência, o blog tomou proporções que eu nunca poderia imaginar e hoje em dia eu sou mais cuidadosa não só com o conteúdo sobre qual eu escrevo mas também com o uso correto da língua, já que "escrever certo" nunca foi meu forte. É só ler os posts dos primórdios do blog para perceber o quanto eu era descuidada com ortografia e pontuação. Além disso, o teclado que eu tinha quando cheguei aqui não tinha acentos o que tornava meus textos bem feios de ler. 

Eu tenho procurado deixar o blog o mais atualizado possível, procuro escrever pelo menos uma vez por semana. Queria ser como aquelas pessoas que tem assunto para escrever 3/4 vezes ou mais por semana, mas a minha vida é bem monótona e não é sempre que acontece algo tão interessante para eu ter vontade de vir correndo escrever aqui. Ultimamente eu ando bem ocupada, estou na reta final do meu curso de holandês. No final de janeiro farei a prova e aí adeus curso! Nunca mais vou precisar estudar holandês hehe. Em setembro do ano que vem vou começar a faculdade e preciso dessa prova para ser aceita. 

Outra coisa que tem me mantido ocupada é o meu novo emprego. Acho que não cheguei a comentar aqui mas, desde o final de outubro eu estou trabalhando para os correios. Sim, agora eu sou entregadora de cartas (porque falar carteira soa super estranho). Eu fiz várias entrevistas em callcenters, lojas, supermercados, etc. Nenhum deles me aceitou ou porque eu já passei da idade de trabalhar nesses empregos "pequenos", ou porque eu tenho um leve sotaque, ou porque eu não tenho experiência de trabalho na Holanda e a experiência do Brasil não serve para nada aqui. Enfim, depois de meses tentando, o correio foi o único lugar que não criou problemas para me contratar então foi lá mesmo que eu resolvi trabalhar. São poucas horas (15 horas por semana) e o salário não é lá grandes coisas, mas é melhor do que nada e pelo menos eu tenho algo para fazer além de ficar em casa, né? Sem contar que pelo fato de eu trabalhar de bicicleta carregando por volta de 60 quilos, eu estou emagrecendo que é uma beleza. Em pouco mais de um mês eu já perdi 4 quilos. O único problema é que eu tenho que trabalhar na rua, faça chuva ou faça sol, pedalando uma bike maldita (porque para mim, bicicleta é coisa do capeta). Por enquanto está indo super bem, até estou começando a me entender com minha bike, mas o meu medo é de quando a neve começar ou as ruas começarem a congelar (que já era para estar acontecendo há umas 4 semanas mas o outono resolveu ser primavera esse ano haha), vamos ver se eu vou conseguir pedalar uma bike super pesada durante o inverno, senão eu vou ter que tentar ser escrava trabalhar no McDonald, Burger King ou algum desses lugares...aff.

A última coisa que eu queria contar é que na última segunda-feira eu e o maridôncio fomos à Ikea e fizemos a festa! Compramos 70% dos móveis que precisamos e finalmente estamos esvaziando as caixas e colocando cada coisa em seu devido lugar. Até o final dessa semana finalmente, depois de quase seis meses morando aqui, vamos poder chamar a nossa casa de lar. Pelo menos não teremos mais aquela sensação de que tudo é improvisado. Agora é voltar a juntar dinheiro para poder comprar o resto de móveis que faltam e terminar a cozinha e aí sim, nosso lindo apartamento estará 100% pronto!! Semana que vem eu posto algumas fotos dos nossos novos móveis.

Ah, tem várias pessoas reclamando que não conseguem comentar aqui. Alguém conhece uma boa ferramenta de comentários para eu instalar aqui? Estou aceitando sugestões....

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Três anos e meio juntos e um ano e meio casados....

Hoje eu e meu maridôncio fizemos três anos e meio de relacionamento e anteontem fizemos um ano e meio de casados. A gente queria ter se casado no dia 16 de maio do ano passado, assim estaríamos juntos por exatos dois anos e teríamos uma só data para celebrar. Só que dia 16 de maio caiu num domingo e prefeitura nenhuma funciona domingo, né? Então tivemos que nos casar na sexta dia 14 e por isso acabamos tendo duas datas muito próximas, o que nem importa muito porque a gente comemora tudo junto mesmo.


Eu não creio que já contei aqui como a gente se conheceu e todo mundo me pergunta isso, por isso resolvi escrever sobre isso hoje. Tudo começou em meados de 2008 quando eu estava no processo de negociação com uma família em Amstelveen para ser au pair da filha deles. Quando as negociações foram concluídas e a viagem marcada, eu resolvi que era hora de fazer alguns amigos holandeses. Eu já conhecia, graças ao orkut, algumas brasileiras que moravam como au pair na Holanda. Algumas delas se tornaram minha melhores amigas e até hoje estamos sempre juntas. Outras acabaram não sendo tão legais quanto pareciam na internet e a maioria delas acabaram voltando para o Brasil e acabei perdendo contato com muitas delas. Mas eu não estava me mudando para a Holanda para ficar andando só com brasileiras, né? Eu queria conhecer mais da cultura local, queria saber como eram as pessoas daqui, como eles lidavam com a vida, enfim, como funcionava a cabeça dos holandeses. Foi então que eu descobri uma ótima ferramenta no extinto Myspace, essa ferramenta era uma sala de bate papo em que você podia escolher com gente de qual país você queria conversar. 

Entrei algumas vezes nesse bate-papo e em uma das vezes lá estava o senhor meu marido. A gente começou a conversar e quando percebemos, já tínhamos virado a madrugada (madrugada para mim, para ele já era dia claro). Depois de várias horas de conversa sem cessar, a gente resolveu se adicionar no MSN e daí para frente foram várias noites sem dormir, só conversando e conversando infinitamente. Nessa época eu já sabia que, se a gente chegasse a se conhecer pessoalmente, haveria algo muito legal entre a gente. É lógico que eu nem imaginava que um dia ele viria a ser meu marido e provavelmente passaria o resto da vida comigo, mas eu já imaginava sim que, ao menos, meu namorado ele seria. Isso porque nenhum de nós tinha webcam e eu só tinha visto algumas fotos dele.

Nisso se foram uns dois meses e a gente cada dia mais "a fim" um do outro. No final de abril eu cheguei na Holanda, nessa época ele estava terminando o mestrado e eu estava me adaptando com a família, com o país, com a minha nova vida. Por esses dois motivos a gente demorou três semanas para nos conhecermos. O nosso primeiro encontro foi no dia 16 de maio de 2008 e eu contei um pouco sobre ele aqui. A gente gosta de brincar que foi o destino que nos fez conhecer exatamente nessa data (é só brincadeira mesmo, porque nenhum de nós acreditamos em destino haha), pois maio é o mês do aniversário dele (que cai no dia primeiro de maio) e o dia 16 é o dia do meu aniversário (16 de outubro). E por isso essa data se tornou tão especial pra gente. Já no nosso primeiro encontro a gente virou um casal, não teve essa estória de ir "ficando" até ver no que vai dar. 

O segundo encontro foi em Amsterdam e foi mais mágico ainda (ainda mais porque boa parte do nervosismo não existia mais). No terceiro encontro ele já me levou para conhecer a família dele. Depois eu comecei a passar todos os finais de semana com ele. Até que ele teve que ir passar sete semanas na Grécia, quando a gente se conheceu pela internet ele já tinha comprado as passagens para ir passar as férias lá e não tinha mais como mudar de planos. Eu não pude ir porque tinha que trabalhar e porque não tinha dinheiro o suficiente. Foram as piores sete semanas da minha vida (nessa época eu estava tendo problemas com a minha host family e tive que trocar de família), mas o que me motivava a esperar por ele foi o pedido de casamento que ele me fez antes de viajar. Sim, ele ajoelhou no chão e tudo mais e, aos prantos, me pediu em casamento e eu, logo eu, disse sim! Quem diria, né? 

Quando ele voltou, no final de agosto, a gente passou um final de semana prolongado na Bélgica, visitamos a cidade de Gent, Bruges e Antuérpia e até hoje essa foi a melhor viagem que eu já fiz na vida! Em fevereiro minha vida de au pair acabou e eu fui morar com ele e a mãe dele até a gente decidir o que faríamos para conseguir um visto para mim. Em novembro de 2009 nos mudamos para a Bélgica porque essa era a melhor maneira de conseguir o visto sem eu ter que ficar 6 meses no Brasil, longe dele. 


Ao chegar na Bélgica começamos imediatamente a lidar com a burocracia para nos casarmos lá. Papelada, entrevistas (para provarmos que a gente é um casal de verdade), enchessão de saco, enfim você pode ler sobre tudo isso aqui no blog. Em abril de 2010 finalmente conseguimos a autorização para nos casarmos e então, no dia 14 de maio, a gente "atou os nós" e estamos firmes e fortes até hoje. 

Em fevereiro desse ano a gente comprou um apartamento e em março nos mudamos de volta para a Holanda. E a cada luta, a cada problema que superamos, a cada crise de mal humor e todas as coisas que todos os seres humanos precisam passar, a gente fica mais forte juntos, nos amamos cada dia mais e temos cada dia mais certeza de que tomamos as decisões certas. Mesmo que de vez em quando eu tenha uma grande vontade de esganá-lo hahaha.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Morrendo de raiva!

Mais uma vez vim aqui para reclamar, espero de coração que essa seja a ultima vez em muito tempo porque ninguém merece ficar ouvindo (ou lendo) reclamação dos outros, né? Mas é que hoje aconteceu algo que me deixou morrendo de raiva!

Alguns dias atrás eu escrevi um pouquinho sobre o sistema de saúde na Holanda neste post aqui. Poucos dias depois, coincidentemente, começou um grande debate na internet sobre o SUS por causa da notícia que o Lula tem câncer mas irá se tratar por um hospital particular. Quando eu escrevi meu post de pós e contras essa notícia ainda não tinha saído, mas eu já andava comparando o sistema de saúde daqui com o do Brasil por causa de um pequeno acidente que aconteceu comigo.

Vamos ao "causo": Um pouco mais de um mês atrás eu fui à um festival gratuito na região sul de Rotterdam, fomos eu, o Stefan e um amigo dele. Lá eu finalmente conheci pessoalmente a Simone (depois de mais de um ano de amizade virtual). Nesse festival tocou uma banda super legal de folk metal e eu, já um pouco felizinha por causa da cerveja, comecei a pular que nem uma mongol e acabei levando uma queda feia. Na hora eu só senti uma leve dorzinha no meu pulso, mas durante a noite depois que o efeito do álcool passou eu faltei morrer de dor e meu pulso estava três vezes maior que o normal. Eu não conseguia movimentá-lo para lado nenhum. Aí o Stefan apavorado ligou para o médico (era um domingo) e só conseguiu contato com caixa postal. O recado da caixa postal dizia que se fosse um caso de emergência poderíamos ir diretamente ao hospital, mas se ao chegar lá eles decidissem que não era emergência, a gente teria que arcar com os custos do nosso próprio bolso. Aí começou a dúvida, será que um pulso quebrado é considerado emergência? E se não tiver quebrado, aí a gente vai ter que pagar do nosso bolso? O que fazer? Decidimos que seria melhor esperar até a segunda para ir primeiro ao médico e descobrir o que tinha acontecido. Então eu passei o domingo todo morrendo de dor, na base do paracetamol e na segunda eu marquei uma consulta bem cedinho. Chegando lá o médico literalmente só puxou meus dedos e disse que não sabia se estava quebrado, que era para eu ir ao hospital tirar um raio-X e me deu um cartãozinho para me consultar lá. 

Ao chegar no hospital eu tive que fazer um cadastro e esperar por volta de meia hora antes de ser atendida. Quando finalmente chegou minha vez, eles tiraram o raio-X e me mandaram esperar de novo, nisso mais meia hora se passou. Eu pensei que eles estavam "imprimindo" (não consigo encontrar palavra melhor para isso) para me entregar. Aí veio uma moça e simplesmente me falou que não estava quebrado, só isso. Não me falou o que tinha acontecido, não me deu nenhuma informação do que fazer, não recebi nenhum pedaço de papel, nada nada nada. Então eu perguntei se ela podia ao menos me receitar um remédio para acabar com a dor, ela disse que eu teria que voltar ao meu médico para saber o que fazer com o pulso e pegar a receita. E foi isso que eu fiz. Ao chegar no consultório o médico não podia mais me atender pois estava com a agenda lotada, então a recepcionista foi lá dentro e voltou com uma receita para analgésico. Então eu perguntei como eu deveria proceder com a mão enxada, dolorida e sem movimento. Ela simplesmente disse que era para eu fazer o que me parecesse confortável. Ela disse que sem o o raio-X não tinha como saber qual o tratamento ideal. Nossa, nessa hora eu tive que me segurar para não rodar a baiana naquele consultório...aff

Enfim, semanas se passaram e o pulso melhorou bastante mas ainda dói dependendo do movimento que eu faço. Aí hoje, um pouco mais de um mês depois, eis que chega aqui em casa uma conta de 50 eurecas do plano de saúde. Quando eu vou olhar o porque da conta eu descubro que é a cobrança pelo raio-X que eu tirei. Raio-X esse que eu nem recebi! Não é de matar qualquer um de raiva? 

Deixa eu explicar só um pouquinho do plano de saúde obrigatório da Holanda: Quando eu me inscrevi no plano aqui eu recebi de cara uma conta de 500 euros para pagar á vista e sem prazo. Depois disso a gente pega uma pequena fortuna de 200 euros por mês. Só que nessa bosta de plano tem uma coisa que chama eigen risico, acho que no Brasil é chamado de franquia. Esse eigen risico é de 170 euros e tudo que você usar que custa menos que isso será retirado do seu próprio bolso, além da quantia mensal paga ao seguro. E é por isso que eu sou obrigada a pagar 50 eurecas para um mísero raio-X que nem saiu da tela do computador.

Eu morei um ano e meio na Bélgica e lá eu fiz vários exames e fui ao médico algumas vezes e nunca tive problemas e muito menos passei raiva com o sistema de saúde de lá. No Brasil eu NUNCA tive plano de saúde, sempre fui atendida pelo SUS e não tenho nada além de boas experiências para contar. Aqui eu só passo raiva, sou mal atendida e não vejo nenhuma capacitação nos médicos daqui. Sinceramente eu sinto que jogo meu dinheiro no lixo todos os meses. Eu digo agora e vou repetir sempre, se algum dia eu tiver uma doença tão séria quanto câncer, eu arrumo minhas malinhas e vou me tratar pelo SUS porque se eu depender do plano de saúde daqui, além de eu ter que gastar rios de dinheiro com isso, eu ainda só vou conseguir ser diagnosticada quando estiver perto de morrer...afff.

As queridonas Laís Menine e Paula Volker escreveram um pouco sobre isso no blog delas e inclusive usaram um texto meu. Nos comentários eu escrevi em detalhes os problemas do sistema da saúde daqui, se alguém tiver interesse é só dar uma olhadinha lá. 

E vocês meninas que moram na Holanda, compartilham da minha opinião sobre o sistema de saúde daqui? E as meninas que moram em outros países, como é o sistema de saúde aí? No Brasil eu já sei, mas gostaria de ouvir experiências de pessoas daí também...